Review: "25 de Abril, Corte e Costura", de João Cerqueira
Editora: -
Autor: João Cerqueira
Edição: 1
Número de páginas: 270
Sobre o autor
Doutorado em História da Arte pela Universidade do Porto, João Cerqueira é autor de sete livros. O seu livro The Tragedy of Fidel Castro venceu o USA Best Book Awards 2013, o Beverly Hills Book Awards 2014, o Global Ebook Awards 2014, foi finalista do Montaigne Medal 2014 (Eric OfferAwards), e foi considerado pela revista ForewordReviews a terceira melhor tradução publicada nos EUA em 2012.
O livro
Olá a todos!! :)
Esta leitura escapa um (grande) pouco daquilo que é o meu género habitual de leitura. Contudo, um convite do autor levou-me a considerar a proposta e a avançar para ela com alguma curiosidade (ainda que tomado por um certo receio).
Tudo acontece em 2015, aquando da celebração dos 40 anos da nossa Revolução dos Cravos. E, na cidade de Augusta, as comemorações do 25 de abril são difíceis de decidir. Especialmente quando as várias fações políticas se envolvem numa disputa carregada de teimosia e picardias sobre os eventos a realizar para lembrar este grande marco.
Bem, por pouco, as celebrações não ultrapassaram os mortos e feridos da nossa pacata revolução...
Este livro é claramente uma sátira caricaturada do espetro político português. Os líderes de cada partido, com nomes e descrições pensadas, são a cara das ideologias e os atos das contradições daqueles que fazem o contrário do que apregoam com a veemência da sua oratória.
E a verdade é que ninguém sai ileso... todas as principais fações políticas "pós 25 de abril" acabam amplamente criticadas (da esquerda à direita), e até os defensores do antigo Estado Novo em todo o seu conservadorismo, estes através de um antigo agente da PIDE. E isto torna complicado perceber qual é a orientação política do autor, o que não é, de todo, um ponto negativo.
E a crítica torna-se mais divertida quando, para além de situações bem aproveitadas, somos guiados por um tom jocoso, bem português, de comentador perspicaz e atrevido. Ironia e humor não faltam. Isto ao ritmo de uma escrita que faz lembrar vagamente a de Saramago (mas com toda a pontuação!). XD
O que acontece é que, infelizmente, fora a crítica, não sinto que tenha existido algo a que se possa chamar de "história". Em primeiro lugar, é absolutamente impossível visualizarmos o que quer que seja, ou imaginamos a cidade ou as personagens. Acima de tudo não existem relações entre as personagens, pura e simplesmente não há enredo.
Todos os textos são, na verdade, uma exploração das personagens, ou melhor, das suas imagens caricaturais (claramente, não são pessoas reais) e dos cenários mais favoráveis à sátira, cenários esses que nunca se chegam a formar realmente, esfumando-se na nossa memória quando avançamos para a cena seguinte.
Contudo, à parte de comentários levemente sexistas (que maioritariamente tentam criticar o conservadorismo), achei a leitura bastante engraçada, mas apenas para quem tem conhecimentos básicos de política e da História recente de Portugal. Caso contrário, muita coisa acabará por passar ao lado. Mas, para quem conseguir ligar o texto a afirmações conhecidas, ideias icónicas e momentos políticos históricos, provavelmente não vai evitar uns quantos sorrisos à laia de potenciais gargalhadas...
Boas leituras!! ;)
Unboxings, updates de leitura e uma data de loucuras aleatórias! Não me digas que tens perdido...
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