Review: "A Fábrica de Bonecas", de Elizabeth MacNeal
Editora: Topseller (2020)
Autor: Elizabeth MacNeal
Edição: 1
Número de páginas: 384
Sobre a autora
Nascida em Edimburgo, Elizabeth MacNeal vive agora em Londres, após o seu curso de Escrita Criativa em UEA. Trabalha sempre a partir do estúdio ao fundo da sua casa, umas vezes para escrever, outras para trabalhar em olaria...
O livro
Olá a todos!! :)
Então, como vão essas leituras? Eu cá terminei "A Fábrica de Bonecas", a primeira publicação de MacNeal, nas livrarias portuguesas graça à Topseller!
Esta é a história de Iris, uma rapariga que vive na Inglaterra vitoriana, trabalhando com a irmã a pintar bonecas numa loja. São obrigadas a viver de forma bastante modesta, mas não é isso que incomoda a nossa protagonista. Na verdade, é a vida tradicionalista que a abafa, bem como a culpabilização que a irmã lhe faz pesar, por ter adoecido gravemente há uns anos e perdido a oportunidade de viver da mesma forma que Iris.
Até que a sua vida muda. Um artista que surge como cara de um movimento artístico de vanguarda, não só a nível europeu, como acima de tudo do futuro da rapariga. Irá Iris manter-se ao lado da família e da vida que leva, ou, pelo contrário, irá afastar-se do seu passado e avançar para o cumprimento do seu sonho de pintar, num mundo em que as mulheres ainda não o fazem realmente? Arriscar-se-á aos braços do pintor que a vai ensinar as artes do pincel, ao mesmo tempo que a atira para os braços de um romance?
Sinto-me desconfortavelmente dividido ao falar desta história... E isto é resultado da cisão do próprio livro, que começa a prometer imenso e que acaba por deixar cair, uma a uma, todas as características que verdadeiramente me prendiam à história.
Algo irrefutável é o tom diferente com que a história se inicia, algures entre a época vitoriana, a energia da arte e uma porção que deixa claro o amor da autora a um gótico muito particular. E isso faz toda a diferença inicialmente, adentrar num mundo nunca antes percecionado...
Também a escrita nos incentiva à leitura, com expressões que saltam do papel, rasgam e sussurram por entre o texto. São realmente palavras com sons e textura. Ou pelo menos foi isso que as primeiras páginas prometeram... Depois, tudo se foi perdendo, e as palavras passaram a ser apenas isso mesmo: simples palavras empregadas num sentido literal para que se monte uma cena de texto plano.
Quanto às personagens, essas nunca foram muito especiais para mim, à exceção da protagonista. Na verdade, a personagem principal é forte, não tem medo de arriscar (ou, pelo menos, não se deixa tomar por esse sentimento), sabe o que não quer e arca com as consequências das suas ações. E quer mais, sonha com mais e luta sempre por isso, dentro das restrições impostas pela época em que vive. As restantes são preconceituosas, falsas ou abusadoras... E não ficam particularmente marcadas na nossa memória.
Felizmente, a dada altura, lá para as últimas 50 páginas do livro, o ritmo intensifica-se e, subitamente, parece mesmo que estamos a ler um thriller daqueles que nos deixa o coração a palpitar. É pena que demore tanto para que isto aconteça, ou para que a verdadeira história aconteça (ainda que antes deste salto eletrizante)...
Seja como for, este não é, de todo, um mau livro. E aconselho àqueles que apreciam conhecer um estilo novo, ou aos que têm interesse pela época vitoriana. Melhor, por mergulharem nessa realidade com um texto bastante evocativo dos seus elementos.
Boas leituras!! ;)
Unboxings, updates de leitura e uma data de loucuras aleatórias! Não me digas que tens perdido...
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