O livro

Olá a todos!! :)

Já há muuuito tempo que ansiava por ler o standalone do autor de CHERUB, a coleção que acompanhou toda a minha pré-adolescência e que cheguei a reler em desafio com a Porto Editora há cerca de dois anos.

E esta história prometia ir um passo mais à frente, com uma premissa e um design a apontarem para uma história que roçaria o thriller e até a distopia, com uma realidade futurista de Las Vegas onde a manipulação genética revela consequências devastadoras.

Tudo começa quando Harry, de 13 anos, capta um vídeo no meio de uma explosão ocorrida na sua Escola Secundária. Charlie, uma rapariga da mesma idade, é injustamente acusada de ter provocado o desastre, incriminada pelo verdadeiro criminoso, um jogador de futebol pertencente a uma das famílias mais ricas de Las Vegas. E é este o evento inesperado que junta os dois e inicia uma paixão de Harry pela rapariga.

Bem, esta não foi de todo a leitura que eu esperava. A leitura não foi propriamente má, mas honestamente fiquei desiludido. Talvez a fasquia estivesse demasiado elevada. Contudo, creio que foi algo mais do que isso. Mas vamos ponto a ponto.

Uma das coisas que me causou uma certa confusão foi a perceção de que o livro não constituía uma proposta concreta em nenhum ramo. Não era o tipo de entretenimento ideal para o público alvo em questão (como acontece com CHERUB). Parecia ser um pouco mais preso ao mundo real do que esta coleção, mas ainda assim não existia um verdadeiro realismo. Roçava a distopia, mas não foi um trabalho pensado e desenvolvido nesse género.

A criatividade não foi 5 estrelas, mas existiu um pouco ao longo de toda a história. E um fator bastante positivo foi a capacidade do autor em "ver mais à frente" e assim compreender o que se passaria num mundo em que um vírus mortal colocava o mundo do avesso (muitas passagens lembraram imediatamente a situação que vivemos, e na altura em que o livro foi escrito isso ainda não tinha acontecido). Até a perspetiva pessoal e social da utilização de alterações de ADN nas pessoas, tornando-as mais bonitas e capazes.

Por outro lado, as personagens são pouco desenvolvidas, algo já um pouco natural com Robert Muchamore. No entanto, estas foram ainda mais longe na falta de textura. Seja como for, este é um dos mistérios do autor: é capaz de nos trazer personagens incompletas, planas e por vezes até irritantes, e instalar em nós uma certa preocupação por aquilo que lhes acontece.

A palavra objetivo é realmente aquela da qual o livro mais carece. Por um lado, no que toca ao seu rumo (e isto implica a estruturação do próprio livro, demasiado extenso para a sua história). Em cada parte, avançam-se anos e chegamos a acompanhar a história em 8 anos completos, para depois terminarmos com um final estranho e sem verdadeiro sentido para a globalidade. Por outro, o objetivo das personagens é quase inexistente. Não conseguimos, na maior parte do tempo, descobrir-lhes a vontade pela qual lutam e que tão eficazmente nos engancha nas personagens.

Apesar de tudo, o estilo leve e descontraído de Robert Muchamore é perfeitamente capaz de nos manter agarrados às páginas. Aliás, nunca li menos de 100 páginas por dia. Este livro é facilmente prenderá os leitores mais novos, apesar de ser bastante extenso. De facto, apesar de as idades das personagens acabarem a crescer até aos 20, a história vai sendo talhada para os 14 anos.

Boas leituras!! ;)

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