Review: "O Ódio Que Semeias", de Angie Thomas

13/02/2018



Editora: Editorial Presença

Autor: Angie Thomas

Edição: 1

Número de páginas: 352




Sobre a autora

Nascida em Jackson, Mississipi, começou a escrever após uma conversa com a mãe, numa biblioteca, após um tiroteio a que ambas assistiram: foi aí que percebeu que a sua vida era diferente do que até pensava que era. Através das palavras, Angela procura, acima de tudo, deitar abaixo estereótipos.



O livro

Olá a todos!! :)

Este livro, enviado para nós pela Editorial Presença, foi sugestão da editora. Uma sugestão maravilhosa, como não poderia deixar de ser!

"O Ódio Que Semeias" faz-nos entrar na cabeça de Starr, uma rapariga negra de 16 anos que vive num problemático bairro negro e frequenta a elegante escola de brancos num bairro residencial de prestígio. É assim que o seu mundo se divide em dois, obrigando-a a dobrar-se em duas personalidades, a verdadeira e a abafada pelo preconceito...

Bem, o livro começa com um incidente traumaticamente marcante para a nossa protagonista: o seu amigo Kahlil é baleado à queima-roupa por um polícia, sem qualquer justificação. Como se aguentar esta memória a pulsar terrivelmente na sua cabeça não fosse suficiente, Starr tem lidar com o mediatismo que se gera à volta do caso: todos os seus passos poderão ser usados para beneficiar uns ou como arma para outros...

Tudo isto se desenvolve com calma e maestria, desenvolvendo a história pausada e conscientemente, dando-nos uma descrição multifacetada do ambiente vivido por Starr e pelos que a rodeiam. Enfim, a vida no bairro e a temática do racismo (mesmo o dissimulado ou o negligente) são perfeitamente desenvolvidos pela autora, sem ficar demasiado cansativo.

As personagens são igualmente bem construídas: se fechar os olhos, ainda sou capaz de imaginá-las nas suas qualidades e falhas. E de uma perspetiva deveras cativante... Já sinto tantas saudades delas!!

A capa está mesmo muito bonita, e a contracapa também! Não é nada de complexo, mas encanta e toca na simplicidade! E tem significado em relação ao que acontece na história, ao contraste entre o branco e o negro, o mesmo que tem de ser abolido, e tornado inexistente.

A escrita da autora tem um toque muito próprio. É difícil explicar em quê, mas se há algo que é irrefutável é a sua juventude, assim como a sua clareza. É um estilo que se pode estranhar nas primeiras páginas, mas que, logo depois, se entranha e nos delicia na sua fluidez.

É fantástica a forma como a autora nos consegue fazer entrar na cabeça de Starr, sentir como tudo se processa à sua volta, como tudo está a mudar, como tudo a afeta, como a pressão em seu redor é cada vez mais palpável. E ainda os seus medos e ansiedades...

Resumindo, é um brilhante romance de estreia para Angie Thomas, o que explica a venda de direitos de tradução para mais de 20 países e também a adaptação cinematográfica que vem a caminho... Só vos posso aconselhar a leitura!

Boas leituras!! ;)

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