Mas as mudanças de reduzida dimensão são rapidamente esmagadas por uma de enorme magnitude... Afinal, nem tudo terminou quando Eleven fechou o portal. E os perigos são, agora, mais reais do que nunca.

Se acham (tal como eu) que o início desta temporada é lento, então limitem-se a continuar a ver porque vai ficar mesmo muito melhor! E isto deve-se ao facto de, na verdade, a temporada não ser bem uma série, mas antes um longo filme de oito horas, abandonando a estrutura episódica e centrando-se numa ação coesa e continuada, perfeita para quem assiste aos episódios de uma só vez (adivinhem quem fez maratona?? XD).

A história desenvolve-se através de vários núcleos, os quais conseguem ser bem trabalhados ao longo da temporada: 1. Dustin descobre uma mensagem de rádio de comunicação secreta russa que partilha com Steve, e os dois juntos com a sua colega de trabalho (Robin) arriscam a vida para desvendar este mistério, mais próximo do que pensam...; 2. Joyce desconfia que algo de estranho está a acontecer, quando o magnetismo na cidade parece desaparecer, e arrasta o detetive Hopper com ela num regresso aos perigos passados; 3. Os nossos jovens compreendem que algo de errado se está a passar e acabam por ser perseguidos pela estranha criatura do Upside Down, pelo que acabam por se juntar aos irmãos mais velhos Jonathan e Nancy, já embrenhados numa investigação que deixa muitas questões por responder...

Existe uma boa exploração (desta vez, no rumo certo) do mundo balanceado de Stranger Things, sem exageros de criaturas nem desvios de temática, e abandonando-se agora a história do "pai" que criou as crianças superpoderosas e a da subitamente surgida "irmã", integrada num grupo de jovens problemáticos. Além disso, esta foi certamente a temporada que me deixou mais viciado na segunda metade. O ritmo está perfeito!

Ainda que possamos estranhar a princípio, vemos novas questões colocadas, como a complicada entrada na adolescência, a qual vem acompanhada de um melhor aproveitamento de várias facetas da moda dos anos 80.

Contudo, existem sempre algumas críticas a fazer... E a primeira vai para Hopper. Ainda que, de forma geral, as personagens sejam verdadeiramente cativantes, por vezes algumas exageram sem motivo, e Hopper foi o exemplo mais gritante, visto ter começado a temporada com um perfil louco e explosivo, agindo abusivamente e até com alguma violência desnecessária. (Seja como for, muitas outras personagens conhecem uma evolução consistente, com a ação pontuada por cenas mais profundas).

Outro inconveniente foi o humor... Não a sua existência, mas sim o espaço que ocupou neste temporada. Sinceramente, acho que foi um pouco demais, fazendo a série fugir ligeiramente ao tom (junto com alguns cenários e comportamentos das personagens), para além de tirar o desejado peso a alguns momentos de clímax.

A minha última crítica vai para o facto de serem explorados estereótipos desnecessários. E, para não me meter com a feminidade, falo apenas da imagem dos russos como vilões face aos heróis americanos, para além do fácil "mercenário durão" que persegue o núcleo de Hopper até ao final.

Fora isso, continuo a aconselhar esta série! Não tenho dúvidas de que mergulharão facilmente neste mistério ao lado das personagens. E que transpirarão muito mais com o suspense e o horror face a certas cenas do que nunca nesta série. Se vos interessar, digo-vos que o último episodio é adrenalina pura... Bem, pelo menos até acontecer algo que me faz chorar que nem um bebé...

Boas leituras!! ;)